Verso

Sozinho

Me sinto sozinho

Tem uma música do Sonata Arctica que se chama Flag in the Ground. É muito boa. Em determinado momento ela diz:

No, I’m not a stranger, among the people in here
Yet I have never felt so alone

Desde que prestei atenção na letra pela primeira vez, esse trecho me marcou. Acho que pelo quanto eu consegui me identificar com ele. No contexto da música ele tem um significado diferente, mas pra mim descreve o que eu sinto quase que de forma cotidiana. Estar cercado de várias pessoas, e algumas eu até chamo de amigos, mas mesmo assim, sentir que não tem ninguém lá comigo. No sentido emocional da coisa, mesmo.

São 02h37 da manhã. Agora há pouco eu estava treinando guitarra. Com volume baixo, juro. Agora há pouco consegui pela primeira vez na minha vida tocar algo realmente rápido: grupos de quatro notas a 170 BPM. Isso é bem rápido. E o melhor é que tava limpo: eu conseguia ouvir o som de cada nota individual. Me senti no controle. Me senti relaxado. Sinto que realmente vi o fruto de práticas consistentes ao longo desses últimos dias. Fico mais feliz ainda porque eu não tinha tocado há meses e só agora voltei; queria provar pra mim mesmo que ainda sabia tocar e consegui.

Não só isso: comecei a improvisar com mais frequência. Aos poucos, consigo ouvir uma melhora significativa. Estou com mais facilidade em criar melodias consistentes e explorar tons que não estou tão confortável. Espero com o tempo conseguir navegar melhor no braço da guitarra. De qualquer forma, são momentos em que me divirto e vejo ativamente uma melhora.

Mesmo assim, não tenho com quem compartilhar essas alegrias. Ou, melhor dizendo, até tenho, mas sinto que não tenho com quem dividir essa alegria. Faz sentido? Na minha cabeça são coisas diferentes. No meu celular tem uma lista até que grande de contatos com os quais eu poderia falar essas coisas e eu sei que ia receber mensagens positivas de volta, mas teria dificuldade em acreditar que são genuínas. Não acredito que nenhuma dessas pessoas que tenho em mente ficaria genuinamente feliz de dividir essas conquistas comigo, ficando genuinamente feliz e vibrando comigo de verdade.

Se não tenho com quem dividir essas alegrias, por que se quer persegui-las? Acho que “perseguir” não é o melhor verbo. Não sei qual uma palavra melhor, no entanto. Celebrá-las? Considerá-las? Não sei; nenhuma dessas captam exatamente o sentido que quero dar. De qualquer forma, quero dizer que essas alegrias não fazem muito sentido se eu não posso dividi-las com alguém. Por isso me sinto sozinho.

São 02h46. Tá bem tarde e eu tenho trabalho e prova amanhã. Sem contar o final do trabalho sobre filosofia política. Devo postar ele aqui, também; estou bem orgulhoso do texto como um todo. Mas de que importa?